Lei Seca

Um espaço para discutir as grandes questões. Editor-chefe: Luiz Augusto

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Advogado, vive em São Paulo

quinta-feira, novembro 30, 2006

A sobrevivência no Paraguai

Acabam aqui minhas chances de um dia ser embaixador no Paraguai.
Estive lá, em Ciudad Del Este. Não há nada de bom para dizer.
Foz do Iguaçu é uma cidade do interior do Brasil como muitas outras. Até que gostei.
À medida que a fronteira com o Paraguai se aproxima, Foz começa a ficar feia e o caos começa a se instalar, um prenúncio do que nos aguardava.
Pegamos um ônibus para cruzar a Ponte da Amizade. De um lado, o rio, majestoso. De outro, pessoas com pacotes, carros e motoqueiros cruzavam a Ponte. Remendos de ferro adornavam as grades. Uma distração da polícia e outro buraco surgia, para içar contrabando para o rio via corda. Um rapel de muamba.
Um trânsito pesado para quem queria ir ao Brasil, que é onde a aduana tenta barrar o que pode. Suspirei, com a cabeça na volta. Iria demorar. Para muitos, cruzar a fronteira era tirar a sorte grande.
Chegando lá, nos recebe o caos de ruas sujas, apinhadas de gente carregando sacolas, perueiros e motoqueiros. Era uma 25 de Março ao cubo. Se isso era a entrada do Paraguai, imagine o resto do país. Deve ser um estado falido. Já me disseram que Assunção não é grande coisa também.
Como um país chega nesse ponto? Ficará o Brasil assim um dia? Quando as instituições entram em colapso? Os prédios da cidade já foram novos. Hoje parecem prestes a desabar.
A primeira recomendação de minha noiva foi tirar a aliança do dedo. Alguém poderia arrancá-la com os dentes ou com um canivete. Na ida ela também contou a história de um grupo que pegou uma perua para cruzar a Ponte e terminou assaltado pelo próprio motorista.
Um breve sossego surgiu com a entrada num shopping, Mona Lisa. Era como uma dimensão paralela ou outro planeta. Ar condicionado, cheiro de limpeza. Consumo de luxo. Durou pouco. Logo voltamos ao calor.
Lojas vendiam de tudo. Guarda-chuvas, brinquedos, eletrônicos, DVD´s piratas. Nada parecia ser de qualidade. Tudo chinês. Já disse uma vez, a China vai engolir o mundo. Com sua poluição e seus produtos de plástico, montados por trabalhadores quase-escravos.
Tento ligar para o Brasil. Só deu ocupado. Ainda assim, cobram-me 4 reais só por tentar. Que raiva!
Caminhamos por ruas tortuosas, até que minha noiva sossega numa loja de bijuterias.
Para esperar, resolvo visitar uma galeria. Rodo pelo térreo, subo uma escada. Em toda a parte o som de pacotes sendo embrulhados e durex sendo cortado e envolto nos pacotes. Rodo pelo primeiro andar. Entro numa loja e saiu por outra saída. Desço uma escada, de volta ao térreo. Tento voltar e percebo que estou perdido.
Era o "Jardim das veredas que se bifurcam", do Borges
Subo. Desco escadas. Rodo. Vou para a rua. Meia hora se passa. Vejo a loja onde minha noiva estava. Foi um alívio encontrá-la.
Não vi nenhum sinal de polícia ou qualquer espécie de autoridade. Mas algumas lojas tinham seguranças armados de escopetas nas portas. A munição pendia como colares dos peitos dos vigias, em suas posturas de Rambo.
Sente-se uma angústia nas pessoas que caminham em Ciudad Del Este. Querem sobreviver. Há trapaceiros, sacoleiros, laranjas, mulas, traficantes, perueiros, motoqueiros. Claro, há gente de bem. Gente que de bom grado faria algo melhor para viver, se tivessem a chance.
Na volta, esperamos horas até passarmos pela alfândega. Muita gente na fila, na expectativa de que passarão com suas compras.
Já no Brasil, o braço forte da lei, na forma de policiais rodoviários, abordava um grupo de sacoleiros, dando um "baculejo" em todos. Um deles empunhava um revólver prateado, de cano longo. Dizia aos sacoleiros: "São vocês ou sou eu".
Todos querem sobreviver. Esse é o lema da fronteira. E, seja do lado da autoridade e da ordem, seja do caótico submundo muambeiro, se diz aos seus adversários: "São vocês ou sou eu"
Ao chegar em casa, percebi que o par de tênis que usei e as meias estavam impregnados de lama. Eu cheirava a suor. O Paraguai não me deixaria fácil.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Janer Cristaldo sobre o Dia da Consciência Negra

Recomendo a leitura do post Dia da Suequinha, do dia 26/11/2006, no blog do Janer Cristaldo, sobre a instituição forçada do Dia da Consciência Negra, racismo e o percentual de negros do Brasil, conforme tratei em posts anteriores: http://cristaldo.blogspot.com/

sexta-feira, novembro 24, 2006

Campanha Lei Seca: Contatos Imediatos do 3º Grau com os Quase-Famosos

O Lei Seca quer saber: Que Quase-Famoso você já viu de perto?
Mande seu relato e ele será publicado numa adorável compilação em meados de dezembro, divertida para toda a família.
Para estimulá-los (e ditar o espírito da coisa), publico o rol do meu amigo Guilherme:

"Minha lista de quase-famosos que já encontrei casualmente em São Paulo: Pedro de Lara, Padre Quevedo, Roberto Avalone (comentarista esportivo), Joselito da MTV, entre outros que, de tão "quase", nem sei o nome".

Nada de gente famosa ou anônima. Queremos os Quase-Famosos!

Ao vivo, da Tríplice Fronteira

Boa noite, amigos leitores.
Escrevo-lhes diretamente de Foz do Iguaçu, da Tríplice Fronteira.
Ficarei aqui no fim de semana, e espero poder transmitir em breve um relato sobre essa terra quente e tensa, onde os atritos entre Brasil, Paraguai e Argentina são sentidos mais fortemente.
Os EUA acreditam que haja um foco terrorista islâmico por essas bandas.
Espero mais é ver as coisas boas, como as cataratas e Itaipu. Espero também atravessar as aduanas e conhecer as nações hermanas.
Acompanhem aqui a visita.

Quase famosos

Frisson no supermercado. A caixa que passava distraída minhas compras súbito se anima, e um rastilho de pólvora percorre o Extra da Brigadeiro, agitando freguesas e empacotadores:
- Olha ali o pai do Foguinho.
Era um ator, que interpretava o pai do personagem principal de uma novela da Globo, Cobras e Lagartos, empurrando o seu carrinho cheio.
Alguns anos atrás, no mesmo Extra, com menos intensidade, chamou a atenção uma ex-participante do No Limite, uma espécie de gincana televisiva da Globo, onde os participantes eram forçados a degustar iguarias como olhos de cabra.
Na Aliança Francesa, estuda na sala ao lado da minha um ator que perguntava com obsessão na propaganda das Casas Bahia:
- Quer pagar quanto? Quer pagar quanto?
Baixinho, de chinela de dedo, normal. Imagino ele na aula, perguntando o seu bordão em francês.
Meu cunhado, quando o levei à òpera, ficou empolgado pelo fato do hoje senhor da propaganda do Bombril, Carlos Moreno, estar na platéia.
- Olha lá o Bombril!
Por que temos essa simpatia pelos quase-famosos?

quarta-feira, novembro 22, 2006

O Estadão responde - Post "Estadão infla número de habitantes negros de São Paulo"

Em resposta à minha carta, conforme relatei no post "Estadão infla número de habitantes negros de São Paulo", recebi a seguinte resposta da Editoria do jornal:

"Caro leitor, eis a resposta da editoria.
Gratos pela atenção.

Negros são pretos e pardos, segundo norma usada pelo próprio IBGE.
Os números da Fundação Seade não estão separados ali por pretos e pardos para chegar a conclusão da ´maior população´. Trataram apenas de negros. "

Primeiro, é de se lamentar que minha carta não tenha sido publicada.
Segundo, se tal confusão semântica tem origem no IBGE, peço desculpas ao Estadão.
Volto, portanto, todas minhas baterias ao IBGE. É uma hipocrisia do Instituto jogar pretos e pardos no mesmo saco. Creio, se tal raça, "parda", existe ( e é discutível o próprio conceito arcaico de "raça"), seus integrantes são em maior número que os "pretos" existentes. Aí, seria mais honesto chamar pardos e pretos de "pardos", e não chamar todos de "negros". Seria como um biólogo, ao tratar conjuntamente de espécies animais dotadas da capacidade de voar, pássaros e morcegos, chamar a todos de morcegos. É uma figura de linguagem, chamar o todo pelo nome de parte.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Reflexões pós-Piauí de novembro

(Carta enviada à redação da revista Piauí)

Mas, afinal, o limbo existe ou não? O Papa, que não é mais tão infalível assim, pode decretar a existência ou não de um lugar divino, acima (ou abaixo) dos homens. Ele poderia acabar com o céu ou com o inferno. Então, para que acreditar nisso tudo? Podemos ser bons sem esperar recompensa ou maus sem temer castigo. E Mohammed Atta não está nem no paraíso das 72 virgens reservadas aos mártires, nem no Hades, por ter derrubado as Torres Gêmeas. Posso deixar meu corpo para os acadêmicos de medicina estudarem sem temer que este apareça desfigurado no pós-morte.

domingo, novembro 19, 2006

Outro feriado, o dia do Grilo Falante

Em São Paulo e em outras cidades brasileiras, amanhã será o dia da consciência negra, feriado. Ou, lembrando a história de Pinóquio, o dia do Grilo Falante, que era a consciência do boneco de madeira. Inegável que os negros, índios, asiáticos, e, porque não, os brancos, mereçam ser homenageados. Todos construíram essa nação.
Mas, disse bem um leitor da Folha hoje numa carta, essa homenagem poderia se dar com trabalho. Algo de que este país precisa muito. Não, pois sendo o dia do Grilo Falante, vamos comemorar como grilos e flanar, cantar e descansar. Ou como cigarras.
Fecha o banco, o fórum, a Bolsa de Valores, a Prefeitura, tudo o que me mantém vivo. Sem falar no resto.
Já cantava Renato Russo, e eu já citei no blog: "Vamos comemorar como idiotas/ A cada fevereiro e feriado (Perfeição, canção do álbum O Descobrimento do Brasil).
Todo o nosso "sistema" de feriados mereceria ser revisto. Passado muito tempo da separação entre Igreja e Estado (Constituição de 1891), a única Igreja que tem direito a feriados oficiais em nosso calendário é a Católica. Estamos num Estado laico.
E algumas das datas cívicas? Precisamos mesmo de dois dias para celebrar "independência" (Tiradentes e 7 de Setembro)? Um feriado para celebrar a mudança de um regime de governo (Proclamação da República)? O Dia do TRabalho se comemora com descanso. Sem falar na celebração de padroeiras e padroeiros de cidades (católicos!).
Enquanto isso, tirem um dia para pensar na vida e ter consciência. Quem for de São Paulo, claro. Bom dia do Grilo Falante.

Mini-conto: Um homem, atado à uma cadeira por correias de couro, em seu último segundo antes de ser lobotomizado, diz algo ao seu algoz

- Adianta eu dizer que sinto muito?

sábado, novembro 18, 2006

Eu e o porvir

O futuro gera mais dúvidas que respostas.

Estadão infla número de habitantes negros de São Paulo

Mandei esta carta ao Estadão:

"É um caso de ombudsman a reportagem ´São Paulo tem a maior população negra do País´ (pág. A18 - Edição de 17/11/2006). O subtítulo anuncia: ´Número , 12,5 milhões, equivale ao total de habitantes de Angola´.
Ora, mas só quem se der ao trabalho de ler a reportagem (minoria) saberá que este número inclui também a população parda. O número de negros, portanto, foi inflado como um pneu de bicicleta. E o país com o qual se quer comparar também não se presta para tal, pois se o número não era bem esse, deveria ser um país com uma população menor. Sem falar que Angola não é feita só de negros.
Foi muito forçado, e lamentável, vindo do Estadão. A reportagem não tem credibilidade alguma. Qual é, afinal, o número de negros em São Paulo?"

terça-feira, novembro 14, 2006

Resenhas Tardias: A Scanner Darkly

Essa Resenha será um tanto espúria. É tardia porque vi esse filme há duas semanas, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Mas na verdade é prévia, pois esse filme ainda não entrou em cartaz no Brasil no circuito comercial. E não é bem uma resenha, é mais uma desculpa para que eu fale de um escritor que todos adoram, que criou um universo com uma visão perturbadora do futuro, o autor da história que deu origem ao filme, Philip K. Dick.
Claro que vocês adoram. Ele escreveu os contos que deram origem a alguns filmes bem conhecidos. Blade Runner, Minority Report, O Vingador do Futuro (Total Recall), O Pagamento(Paycheck), Impostor, e agora este A Scanner Darkly.
Philip K. Dick era americano, nascido em 1928 e morto em 1982, algum tempo depois de ver uma premiére de Blade Runner e detestar. Foi um artista amargurado, gênio, na linha de Van Gogh e Fernando Pessoa. Como os dois, um criador daqueles bem à frente do seu tempo, tão à frente que ninguém os compreende em sua época, que o sucesso só alcança depois de morto. Em vida, comeu o pão que o diabo amassou (e diz a lenda que Dick comeu ração de gato para sobreviver). Hoje seu espólio é milionário. Ele dá nome a um dos principais prêmios literários de ficção científica dos EUA.
Philip K. Dick foi além. Ele escrevia sobre o futuro. Não profecias, mas ficção científica. Sobre um futuro que visualizou nas décadas de 50 e 60 do século passado (sua melhor fase). Um tempo que está chegando. Ou já chegou. Lembram de Robocop, filme de 1987? Pois é, era sobre a década em que estamos. Recordam-se de Exterminador do Futuro? É uma história com a trama ambientada na década de 1990 do século passado (em tempo: não são histórias de Dick).
A realidade adiou por mais algumas décadas algumas das visões da ficção científica do século passado, como carros voadores e a colonização de Marte. Mas Dick acertou ao visualizar o homem e a mulher do futuro. Era os mesmos, mas com tecnologias enlouquecedoras. E essa é a grande sacada de sua obra. Esqueçam Star Trek, e sua crença na bondade dos humanos, representados pelo escoteiro Capitão Kirk. Somos selvagens, e ainda o seremos amanhã.
Tenho duas coletâneas de contos de Dick lançadas no Brasil pela Record por ocasião da entrada em cartaz de filmes sobre suas obras: O Pagamento e Minority Report. Nelas pude ter uma amostra de como ele visualizava o futuro. Um amanhã sem crimes, em que cassandras aprisionadas prevêem estes antes que aconteçam (no conto e filme Minority Report). Um porvir em que extraterrestres poluem a mente de nossas crianças com um jogo antípoda do Monopólio, a fim de obter lucros no comércio (conto Jogos de guerra).
O que dizer de uma história em que Dick imagina um mundo em que cadáveres podem ressuscitar por curtos períodos, e discute as implicações legais e sociais disto (O que dizem os mortos)?
Outras histórias de Dick, que hoje são filme, merecem comentário. Viagens imaginárias para Marte e que dão muito errado (no conto Podemos recordar para você, por um preço razoável, e no filme O Vingador do Futuro). A luta de um genial projetista cuja memória foi apagada para recordar o passado e evitar seu próprio fim por ter inventado uma máquina que prevê o futuro (Conto e filme O Pagamento). Um mundo em que os Estados Unidos da América são governados por um super-computador, e cujo suplente humano, o Presidente, é apenas um emprego aborrecido e mal-pago ocupado por um sindicalista (nada a ver com o Lula, que ganha bem e se diverte à beça), no conto Plantão.
Em outra história de Dick (As Pré-Pessoas) o assassinato de crianças de até doze anos de idade é considerado como um mero aborto, não-punível pela lei.
Faço menção especial à tocante história Uma coisinha para nós, temponautas, em que viajantes temporais, falecidos na explosão de sua máquina do tempo, ficam aprisionados num limbo entre presente e futuro que se repete sem cessar, vivos e mortos ao mesmo tempo, e a ponto de serem homenageados e compareceram aos próprios funerais, desfilando em carro aberto.
Creio que o final da história é arrepiante (não leiam o trecho seguinte se forem ler o conto):
Grandes gotas de água atingiram o pára-brisa. Começara a chover. Aquilo também o agradava. Fazia-o lembrar da maior experiência de sua curta vida: o cortejo fúnebre movendo-se lentamente pela Pennsylvania Avenue, os caixões cobertos com bandeiras. Fechando os olhos, recostou-se e sentiu-se bem afinal. E ouviu novamente ao seu redor as vozes da multidão enlutada. Em sua mente, sonhou com a medalha especial do Congresso. Pelo cansaço, pensou. Uma medalha por ter se cansado.
Imaginou ele mesmo em outros cortejos, e na morte de muitos. Mas na verdade era apenas uma morte e um cortejo. Carros que se moviam lentamente ao longo da rua em Dallas, e também com o dr. King... Viu-se a si mesmo voltando diversas vezes, em seu circuito fechado de vida, ao luto nacional que não poderiam jamais esquecer. Estariam lá. Sempre estariam. Sempre seria assim, e eles voltariam juntos, repetidas vezes, para sempre. Para o lugar, para o momento em que queriam estar. O evento mais significativo de suas vidas.
Esse era o seu legado para eles, para o seu povo, para o seu país. Ele dera ao mundo um fardo maravilhoso. O assustador e exaustivo milagre da vida eterna.

Esta história parece apenas ser uma ficção científica viajante. Lendo atentamente, ela fala de algo mais do que viagens no tempo. Trata da posteridade, do nosso desejo de deixar um legado, de ter atenção. É algo sempre presente nas pessoas de ontem, hoje, e do futuro, o tempo preferido de Philip K. Dick. Para o escritor, a melhor forma é assistir ao seu próprio e concorrido funeral, com honras de chefe de Estado.
O espaço deste texto vai acabando. Ué, mas não era uma resenha sobre A Scanner Darkly?
Bom, era para ser. Porém, sendo exceção no que se refere à produção de Dick, não gostei muito do filme.
Creio que a história original deve ser bem melhor. Scanner foi filmado com atores (Keanu Reeves, Woody Harrelson, etc.), normalmente, e depois foi convertido numa animação. Creio que não era necessário, pois o resultado é meio tosco e irregular.
Trata da história de um detetive que está no encalço de um bandido, traficante de uma poderosa nova droga, que na verdade é sua outra personalidade. Era uma história boa, mas faltou um diretor mais conciso e claro. Há longas seqüências desnecessárias na montagem.
O próprio fato de ser uma animação matou um pouco da interpretação dos atores. Apesar de seu personagem, graças ao desenho sobreposto sobre sua imagem, soar meio caricatural, ainda se vê que Robert Downey Jr. (quando não está encrencado na vida real) ainda manda bem.
Ainda espero que outras histórias de Philip K. Dick virem filme. Torço por Plantão e Uma coisinha para nós, temponautas.

Ficha Técnica - A Scanner Darkly - EUA/2006, 100 min. Ficção Científica. Dir. Richard Linklater

Aprenda a ser assaltado na saída do banco, lendo este post

É muito simples. Primeiro, não abra conta num banco para receber salários, tampouco use DOC´s, TED`s ou cheques para fazer grandes pagamentos, nem faça uma poupança ou aplicação financeira. Tudo isto é uma conspiração dos banqueiros para ficarem ricos. Guarde seu dinheiro no colchão e pague pessoalmente suas contas.
Saque todo seu salário em dinheiro vivo, e tente levá-lo para casa. Também realize o pagamento do carro, aluguel ou imóvel em pecúnia, diretamente ao credor.
Na saída da agência, saia olhando para todos os lados e agarrando a pasta ou bolsa junto ao corpo como se segurasse um filho. Caminhe rapidamente. Transpire.
Aí é o pulo do gato. Dotados do dom da clarividência, e sem contar com a ajuda de olheiro nenhum, uma dupla de bandidos, a pé ou de moto, irá arrancar sua bolsa ou pasta, ou lhe apontará uma arma.
Caso você queira o assalto com serviço completo, com direito a delegacia, hospital, ou auxílio-funeral, experimente gritar bastante, ou se atracar com os bandidos. É tiro e queda!

segunda-feira, novembro 13, 2006

Presidente por um dia

Aproveitando a lembrança de que o deputado comunista Aldo Rebelo está na de plantão na Presidência (nada contra o deputado exercê-la), é de se pensar sobre a extinção desse anacronismo em que o exercício do cargo político mais importante do país é transmitido como se fosse um cetro.
Essa transmissão do cargo é mais duvidosa que útil. O presidente deixa o território nacional e não é mais presidente? Então ele é recebido por outros chefes de Estado como um cidadão comum? Ou não? Terá pompas de chefe de Estado no exterior? O presidente de plantão é um segundo presidente? Suas ordens conflitam? Ele pode ocupar o gabinete do outro? Sentar em sua mesa? O presidente não pode comandar o país por telefone, internet, e-mails, notebooks, via satélite? O presidente por um dia pode colocar esse cargo no currículo? Terá direito às regalias de ex-presidente? No cerimonial, ele deverá ser sempre chamado de presidente, do dia de seu plantão em diante? Ele constará nos livros de História como presidente do Brasil?
Sem falar das gambiarras que surgem quando algúem da linha sucessória não quer tomar posse, para evitar a inelegibilidade em ano eleitoral. Faz como que estes tenham que sair às pressas do país para evitar que a Presidência lhe caía no colo. Já aconteceu, e sobrou para o Presidente do STF o fardo do poder.
Os presidentes, nesse momento, se perguntam: Que rei sou eu?

A greve aérea de 2006, Churchill e a teoria do caos

Segundo o Estadão de hoje os vôos em todo o país voltaram a sofrer atrasos e a serem cancelados ontem. Disse o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo que os atrasos devem ter ocorrido porque DOIS (2), isso mesmo, DOIS controladores de vôo que trabalham em Brasília não puderam trabalhar. Um quebrou a perna e o outro teve problemas de saúde na família.
Vejam a que ponto chegamos! DOIS controladores de vôo tem problemas e milhares de pessoas são prejudicadas. Winston Churchill, o lendário político britânico, disse certa feita, em meio à Segunda Guerra Mundial: "...em toda a história do conflito humano, nunca tantos deveram tanto, a tão poucos”.
Agora é assim. E será manchete. "Controlador de vôo leva cachorrro ao médico. Vôos atrasam", "Falta um na torre de Brasília, com unha encravada. Bagunça nos aeroportos."
Nem digam que a culpa é desses controladores, que tiveram involuntariamente suas intimidades e problemas expostos na mídia. Culpe esse sistema, tão no limite que com duas ausências já é posto à nocaute.
Fala-se em caos nos aeroportos. Mas esse é o princípio da teoria do caos. Uma borboleta bate as asas em Pequim e ocorre um furacão na Flórida. Um controlador perde o ônibus para o trabalho e você também perde a conexão para Porto Alegre. Outro controlador recebe uma visita inesperada da sogra e nós aguardamos por cinco horas um vôo em Congonhas...

domingo, novembro 12, 2006

Uma questão crucial

Brasileiro sabe compreender uma ironia?

terça-feira, novembro 07, 2006

Sobrevivendo à greve aérea de 2006

Olá amigos, estou de volta.
Lamento, meus parcos e bons leitores, pela promessa quebrada de voltar a postar no domingo, mas gastei-o tentando voltar de Pernambuco pelas nossas congestionadas vias aéreas. E a segunda e a terça foram os dias em que tentei tomar pé da situação em meu trabalho. Enfim, estou aqui.
Neste feriado visitei o Nordeste, mas especificamente as cidades de Recife, Olinda e Ipojuca, lugarejo onde se localiza a famosa praia de Porto de Galinhas. A ocasião era o encontro anual dos procuradores da República.
Até que tive sorte tanto na ida como na volta e não enfrentei uma fração do que algumas pessoas passaram em termos de atrasos e transtornos pelo motim dos controladores de vôo. Só lamento que o tempo que gastaria para conhecer Salvador, uma das escalas na ida, foi gasto no atraso do vôo até lá. Já é a segunda vez que eu perco a Bahia, mas isso é outra história.
Posso dizer que o Associação dos Procuradores organizou um evento irrepreensível, num dos Estados mais interessantes do país. Alceu Valença deu o ar de sua graça num show fantástico. Registre-se que o Procurador-Geral da Répública, o Dr. Antonio Fernando, é um sujeito gente boa.
A volta teve mais atrasos e bagunça nos vôos. Minha noiva, para que vocês tenham uma idéia, foi parar em Assunção e teve que passar o dia na capital do Paraguai.
Só o Aerolula não teve problemas.