Lei Seca

Um espaço para discutir as grandes questões. Editor-chefe: Luiz Augusto

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Advogado, vive em São Paulo

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Vítimas influentes da violência

Nós, o populacho, somos as vítimas principais da violência. Justiça seja feita, relatarei alguns casos de alguns dos donos do poder que foram também vitimados. Não por solidariedade, mas na esperança de que algum dia eles se comovam com o que nós passamos e resolvam usar de seu poder para tentar resolver este que é o principal problema do Brasil. Um país que não garante sequer a incolumidade física de seus habitantes não pode aspirar a ser grande coisa.

A lista:

Lula, Presidente da República, teve assassinado o segurança de um de seus filhos num assalto;
Geraldo Alckmin, ex-governador de SP, também teve assassinado o segurança do seu filho num assalto;
Guido Mantega, ministro da Fazenda, feito refém por bandidos armados;
Ellen Gracie, Gilmar Mendes e Marco Aurélio, ministros do STF, assaltados por ladrões armados;
Luiz Fux, ministro do STJ, assaltado e espancado em seu próprio apartamento por invasores armados;
Mello Porto, desembargador carioca, assassinado por um ladrão/traficante;
Luiz Gushiken, hierarca do governo Lula, teve a casa assaltada;
José Genoíno, deputado federal, escapou de um seqüestro relâmpago na porta de sua casa. Dois assessores não tiveram a mesma sorte e foram levados pelos bandidos;

terça-feira, fevereiro 27, 2007

A grande conspiração do trote do falso seqüestro

Uma das recomendações dos especialistas em segurança para evitar ser vítima do trote do falso seqüestro é deixar o celular sempre ligado, a fim de que parentes ou amigos possam verificar que o dono do aparelho está bem.
Outro fato é que os bandidos que ligam geralmente o fazem de celulares de dentro das prisões. E o pedido de "resgate" deles geralmente envolve a compra de telefones pré-pagos ou cartões de recarga, como fizeram com a ingênua americana que saiu de madrugada dirigindo até o Rio de Janeiro.
Hmmm... (meus neurônios Tico e Teco trabalhando, 1... 2... 3...) ... Heureca!
Tudo isso não passa de uma conspiração diabólica das companhias telefônicas. Eles não bloqueiam os celulares nas prisões, o que permite aos bandidos nos ligar exigindo mais aparelhos e cartões de recarga. E para que não sejamos vítimas do golpe temos que deixar os celulares ligados o tempo todo, o que nos levará a gastar mais. E nos deixará loucos, pois sempre seremos localizados a qualquer tempo, porque se minha mãe não conseguir falar comigo ela vai dirigir até o Rio desesperada. Ir ao cinema será um inferno, pois ninguém jamais desligará seus celulares.
Nunca é bom desvendar uma conspiração, é perigoso. As grandes companhias telefônicas já fazem seus planos contra mim.
Ouço o telefone tocar, o que será?

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Comedores de papel

Consta que na sua primeira visita ao Brasil o papa Bento XVI canonizará o frei Galvão, o das famosas pílulas de papel supostamente medicinais.
Acossada pelo crescimento das igrejas neopentecostais no Brasil, a Igreja lança a mão de um santo nacional para reagir, o hoje beato que logo teve “milagres” atestados.
Há um grave porém. Um ou dois milagres são “comprovados”. E a partir de agora, quantas milhares de pessoas podem ficar sem procurar médicos ou remédios por acreditar que a cura está em pedaços de papel enrolado? E que serão, literalmente, enroladas?
É o que se chama de despir um santo para vestir outro.
O livro de Carl Sagan “O mundo assombrado pelos demônios” deveria ser de leitura obrigatória nas escolas e constar nas lista de livros dos vestibulares. A credulidade prossegue.

domingo, fevereiro 25, 2007

Brasileiro, este ser crédulo e desconfiado (o trote do falso seqüestro)

O tal do trote do falso seqüestro ganha proporções epidêmicas. O que mais me surpreende nesta história é a credulidade das vítimas em relação à história dos bandidos e a desconfiança em relação à polícia, que poderia ajudar essas pessoas desesperadas.
Já há histórias reais absurdas:
1-) Uma senhora que teve um infarto e morreu com o trote.
2-) Um empresário que recebeu uma ligação ouviu que o filho estava seqüestrado. Em que pese o fato de não ter filhos, imaginou que pudesse ser um engano... e que o filho de algum amigo estava seqüestrado(!). Já estava se mobilizando para pagar o resgate quando a polícia interviu.
3-) Uma mulher assustada embarcou na ponte aérea para o Rio de Janeiro já levando o resgate pedido.
4-) Uma professora americana comprou vários celulares pré-pagos, recolheu jóias e dinheiro e dirigiu horas até o Rio de Janeiro de madrugada para encontrar bandidos desconhecidos (e que poderiam seqüestra-la de verdade), e só foi impedida por causa da polícia, alertada pelos atendentes da loja de celulares.
Minha gente (e já peço desculpas às vítimas, as menos culpadas nessa bagunça toda), vamos deixar de ser otários. Quem gosta de fazer trote é criança, e os únicos que podem se dar ao luxo de cair em trotes (para conferir chamados de emergência) é polícia, bombeiro e ambulância. Já não há mais desculpa para ignorância, já é um golpe batido. Há gente caindo no conto mesmo sabendo que existe.
Vamos ter mais confiança em bandidos desconhecidos do que na nossa polícia? É muita credulidade para um lado (em bandidos) e desconfiança em outro (a polícia).
A credulidade é sintomática. E aquelas correntes de e-mail, insuportáveis propagadoras de vírus, falando de falsas crianças doentes, ou que o Bill Gates dará 10 dólares para cada mensagem enviada? Isso não existe...
Confiram o blog do André Laurentino (www.andrelaurentino.blogspot.com.br) ou procurem o Guia do Estadão dessa semana. Há uma saborosa crônica, Spam, sobre essa nossa excessiva credulidade.
Damos um duro danado para ganhar dinheiro para abandonar assim ao primeiro desconhecido que nos pede ao telefone?
Direi em garrafais: Vamos deixar de ser otários!

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

O desfile de carnaval, em seus bastidores

Por obra e graça do acaso, eu e a minha pequena fomos convidados para desfilar na Mancha Verde, escola de samba paulistana, no desfile do sábado passado.
Era nossa primeira vez. Nossa fantasia seria de árvore, numa ala que seria uma floresta parcialmente destruída.
Chegamos a um barracão na Pompéia bem cedo, e ficamos aguardando algumas horas até o momento em que ônibus levariam todos os foliões até o Sambódromo do Anhembi.
O enredo da escola era sobre o Apocalipse, o último livro da Bíblia, e o fim do mundo. Achei meio indigesta a escolha de um tema religioso para a festa pagã de um estado supostamente laico, mas enfim... E a letra do samba era ininteligível (sempre tenho medo de escrever essa palavra. Ela tem a soletração difícil. E ela própria é ininteligível para alguns).
No primeiro contato com a fantasia percebi que uma pequena maratona nos aguardava naquela noite. Era uma roupa, oras, de árvore. Metade era uma árvore frondosa, com galhos, folhas, etc., e a outra metade era uma árvore decrépita, como uma planta-zumbi, uma parcela inv(f)ernal e dantesca de algo vivo. Havia um ombreiro pesado, onde galhos desabrochavam. Sentia-me como a Barbárvore, do Senhor dos Anéis.
Todos estavam empolgados para colocar logo as fantasias, mas percebi que aquele peso ficaria com a gente um bom tempo. Deixei para a última hora.
Subimos nos ônibus, carregando as fantasias pesadas. Todos queriam gritar “Porco” ou “Palmeiras”, inclusive eu, mas o Denis, diretor da ala, gritava de volta, querendo evitar briga:
- Gente, nada de futebol.
Após um breve percurso, estávamos no Anhembi. Fomos colocados em nossa posição e ficamos aguardando até a hora do desfile.
De um profissionalismo total a organização do carnaval e da escola. Chegamos na hora necessária, com transporte, tudo direitinho, e o mesmo se deu na saída. Nada de tumulto.
A espera pelo momento de desfilar é um momento surreal. Temos contato com todas as alas, inclusive de outras escolas, e vemos uma fantasia mais louca que a outra. Ficamos sentados com as demais “árvores”. Algumas tomavam cerveja, refrigerante, comiam, fumavam. Era como ver aqueles filmes em que o Papai Noel fuma e está sempre de pileque, com a roupa vermelha amarfanhada.
Chega a hora. Começamos a caminhar até o Sambódromo. Fogos de artifício explodem bem baixo. Parece Ano Novo.
Anda-se bastante até chegar à passarela. A expectativa vai aumentando até por o primeiro pé na avenida. As árvores trombam o tempo todo, os galhos se enroscam.
Tirando a torcida do Palmeiras, o resto da platéia não parecia muito empolgada. O pessoal dos camarotes parecia mais ocupado em encher a cara e xavecar.
Minha pequena depois diria que o pessoal não estava nem aí.
O diretor de nossa ala, nosso amigo Denis, corria de um lado a outro para manter a cadência dos passistas e para garantir que não houvesse espaços na ala.
Do nosso canto do desfile não se percebe nada do que está acontecendo. Vejo a ala anterior e a seguinte, e um pouco atrás o último carro alegórico, lotado de siliconadas.
Quando as câmeras de TV se aproximam todos dão uma caprichada no passo. O mesmo diante dos jurados.
Para a glória suprema e perpétua de meu desfile sou avisado de que aparecemos na Globo. É a apoteose. Apareço como o único close e em primeiro plano da nossa ala. Sou, finalmente, um quase-famoso. Galvão, filma eu!
Assisto ao desfile gravado e só então tenho uma noção do quadro geral. Foi um desfile bonito.
Confesso que ganhei um respeito danado pelo pessoal que organiza o desfile e por quem desfila. É um trabalho árduo.
Às quatro da manhã conseguimos dormir. Suados, exaustos e cobertos de purpurina. Só no terceiro banho pós-desfile ela saiu.

domingo, fevereiro 18, 2007

Leis penais como solução da criminalidade

Assunto chato para o meio do carnaval, mas reproduzo aqui lucidíssima carta de meu ex-colega Dimitri Abreu, publicada no Painel do Leitor da Folha:

"São absolutamente inúteis, e portanto ridículas, as propostas que visam coibir a violência por meio de alterações na legislação penal. No Brasil, não se cumpre a lei. Não há dinheiro, vontade ou capacidade para isso, pois as prioridades são outras, decididas pelo mercado financeiro internacional. A polícia está sucateada e infiltrada por quadrilhas, o que transforma investigações e prisões em acontecimentos aleatórios ou histórias de ficção. O Judiciário é burocratizado e elitista, protegendo descaradamente os criminosos financeiros e sonegadores, enquanto aplica penas rigorosas a ladrões de xampu e pequenos traficantes. O crime bárbaro da vez foi cometido por psicopatas, para os quais o sistema penal não apresenta nenhuma intimidação, por mais fantásticas que pudessem ser as punições. Mais uma vez a sociedade brasileira se ilude, deixando de enfrentar o problema de segurança pública com seriedade."

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

A sobrevivência do mais forte

O mundo está lotado, os recursos são escassos, tudo é disputado.
Notas, testes, provas, entrevistas, dinâmicas, concursos, pregões, lances. O sistema mede as pessoas, e joga de volta na água fria os inviáveis, os fracos, os inadaptados.
Estou vindo de um ano em que fracassei em muitas provas.
Daqui a pouco se exigirá dos fetos que façam um teste com 50 questões antes de sair do útero.
Antigamente era bem mais fácil.
Para conseguir uma vaga no mestrado era só se inscrever.
Com um pouco de estudo alguém podia escolher entre várias opções de emprego.
Concurso, segundo o ministro Eros Grau, é para quem não se firmou na advocacia. Vá dizer isso para quem está fazendo concurso ou advogando. Tente achar tempo para estudar.
A nota de corte do planeta está aumentando vertiginosamente.
É triste a vida dos sem-padrinho, sem-sobrenome. E até para os que tem os tempos estão bicudos.
A falta de talento me cerca. Olho no espelho e ela me cospe na cara.
Como Fernando Pessoa, estou farto de semideuses.
Onde isso tudo vai parar?

domingo, fevereiro 11, 2007

Código para o inferno

Não adianta mais disfarçar. Aqui provavelmente é o país mais violento do mundo. Seqüestros, estupros, assassinatos (50.000 por ano!), tráfico de drogas, ônibus queimados com gente dentro, crianças arrastadas do lado de fora de carros. É um verdadeiro rol dantesco de atrocidades, como se um dia tivéssemos aberto uma caixa de Pandora infernal, em que até mesmo a esperança nos escapa.
As pessoas que deveriam estar trabalhando para mudar essa situação estão mais ocupadas tratando do próximo arranjo político nas altas esferas.
Sempre digo. Se repressão não dá resultado, o que dará? Enquanto o país não cresce e o maná não chove dos céus, até que cada brasileiro ganhe um eficiente Bolsa-Família ou aposentadoria do INSS e não precise mais trabalhar, há que haver repressão a essas atrocidades.
Há psicopatas soltos. Não adianta achar que é só dar emprego e integrar a favela à sociedade que tudo se resolverá.
Polícias ineficientes e não integradas, Judiciário moroso, Legislativo permissivo, desemprego elevado, escolas ruins, a lista vai longe.
Pontos que demandam alterações são a nossa Constituição e Códigos Penal e de Processo Penal. Esses dois últimos são leis antediluvianas, escritos antes da Segunda Guerra Mundial.
A parte de 1984 do Código Penal tem trechos hilários. Com nossa justiça a passos de cágado (sem trocadilho?) não é possível permitir que certos crimes prescrevam em um ou dois anos. Ou que com um sexto da penas perigosos assassinos possam em breve estar nas ruas, como os Srs. Mateus Meira (atirador do shopping Morumbi), Maurício Norambuena (sequestrador e assassino chileno) e a Srta. Suzane (a vestal criadora de passarinhos que coordenou a execução dos pais a golpes de barras de ferro).
Por que não temos prisões Supermax, como as dos EUA, com Regime Disciplinar Diferenciado perpétuo, para que possamos esquecer e apartar da sociedade os churrasqueiros de carne humana e os decapitadores de crianças?
Há muito a ser feito. Mas enquanto tivermos essas leis anacrônicas, verdadeiros Códigos para o inferno, nada corre o risco de melhorar.

domingo, fevereiro 04, 2007

Irrelevâncias de um domingo...

O Elio Gaspari escreveu sobre cavalos na quarta passada, por não aguentar os assuntos dos bípedes Chinaglia e Aldo.
Cansado dessa gente, vou postar também algumas irrelevâncias que talvez não interessem a ninguém, com links para o Youtube.

- Com quase vinte anos de atraso, assisti ao último episódio de Jaspion, que a Manchete nunca passava. Notem a concepção judaico-cristã do episódio, em que uma criança é aguardada para salvar o planeta de Satã-Goss (o diabo?), que, adotada ao final pelo herói, ganha o sugestivo nome de Tarzã (?!) O link: http://www.youtube.com/watch?v=6VJZq6I4dTc

- E uma gozação de Jaspion, "O cara tossiu": http://www.youtube.com/watch?v=D4oIDtK7Qy4

- Abertura de Jiraya. Reparem na música em português a perfeita sincronização. No momento em que a canção fala de amor, o ninja faz churrasco de um inimigo. Parece bandido carioca. Link: http://www.youtube.com/watch?v=r7my-FwsU3U

- Lilian Wite Fibe tenta relatar a história de uma velhinha presa suspeita de contrabandear Viagra e cai na risada em pleno ar: http://www.youtube.com/watch?v=jc7PtyT6zYc&mode=related&search=

- Especial 10 anos sem Paulo Francis. Vários links em homenagem ao jornalista:
http://www.youtube.com/watch?v=PICFe4fhj9s
http://www.youtube.com/watch?v=tMjT08fQeGY
http://www.youtube.com/watch?v=-UPtN8D-VbI

Divirtam-se!