Lei Seca

Um espaço para discutir as grandes questões. Editor-chefe: Luiz Augusto

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Advogado, vive em São Paulo

domingo, fevereiro 25, 2007

Brasileiro, este ser crédulo e desconfiado (o trote do falso seqüestro)

O tal do trote do falso seqüestro ganha proporções epidêmicas. O que mais me surpreende nesta história é a credulidade das vítimas em relação à história dos bandidos e a desconfiança em relação à polícia, que poderia ajudar essas pessoas desesperadas.
Já há histórias reais absurdas:
1-) Uma senhora que teve um infarto e morreu com o trote.
2-) Um empresário que recebeu uma ligação ouviu que o filho estava seqüestrado. Em que pese o fato de não ter filhos, imaginou que pudesse ser um engano... e que o filho de algum amigo estava seqüestrado(!). Já estava se mobilizando para pagar o resgate quando a polícia interviu.
3-) Uma mulher assustada embarcou na ponte aérea para o Rio de Janeiro já levando o resgate pedido.
4-) Uma professora americana comprou vários celulares pré-pagos, recolheu jóias e dinheiro e dirigiu horas até o Rio de Janeiro de madrugada para encontrar bandidos desconhecidos (e que poderiam seqüestra-la de verdade), e só foi impedida por causa da polícia, alertada pelos atendentes da loja de celulares.
Minha gente (e já peço desculpas às vítimas, as menos culpadas nessa bagunça toda), vamos deixar de ser otários. Quem gosta de fazer trote é criança, e os únicos que podem se dar ao luxo de cair em trotes (para conferir chamados de emergência) é polícia, bombeiro e ambulância. Já não há mais desculpa para ignorância, já é um golpe batido. Há gente caindo no conto mesmo sabendo que existe.
Vamos ter mais confiança em bandidos desconhecidos do que na nossa polícia? É muita credulidade para um lado (em bandidos) e desconfiança em outro (a polícia).
A credulidade é sintomática. E aquelas correntes de e-mail, insuportáveis propagadoras de vírus, falando de falsas crianças doentes, ou que o Bill Gates dará 10 dólares para cada mensagem enviada? Isso não existe...
Confiram o blog do André Laurentino (www.andrelaurentino.blogspot.com.br) ou procurem o Guia do Estadão dessa semana. Há uma saborosa crônica, Spam, sobre essa nossa excessiva credulidade.
Damos um duro danado para ganhar dinheiro para abandonar assim ao primeiro desconhecido que nos pede ao telefone?
Direi em garrafais: Vamos deixar de ser otários!