Consta do noticiário que o Ministério Público Federal em Sergipe entrou com uma ação civil pública contra o jornalista Diogo Mainardi (Veja), em função de manifestações preconceituosas e discriminatórias contra os nordestinos, e por ofensas morais à cidade e ao povo de Cuiabá (MT).
Reproduzo o que disse Diogo. Na edição da revista Veja de 19 de janeiro de 2005, o jornalista, ao referir-se ao então presidente da Petrobrás José Eduardo Dutra teria escrito: “Dutra não tem passado empresarial. Fez carreira como sindicalista da CUT e senador do PT pelo Estado de Sergipe. Não sei o que é pior (...)”. E no programa "Manhattan Connection", veiculado pelo canal GNT, em 9 de março de 2005, onde se comentava sobre o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o jornalista também teria feito a observação: “Ele não é pragmático. Ele é oportunista. O episódio do Pará agora é muito claro. Quer dizer, uma semana ele concede a exploração de madeira, na semana seguinte ele cria uma reserva florestal grande como Alagoas, Sergipe, sei lá eu... por essas bandas de onde eles vêm. Isso é oportunismo...”.
Ainda segundo a ação, na edição de Veja de 18 de maio de 2005, Diogo Mainardi afirma: “Minha maior ambição, hoje em dia, é jamais, em hipótese alguma, colocar os pés em Cuiabá”.
O procurador responsável pela ação afirma ainda que o jornalista ultrapassa os limites da liberdade de expressão e fomenta o preconceito e a discriminação contra nordestinos, sergipanos e cuiabanos.
Essa ação é um exagero, beira o autoritarismo. Parece até aquelas tentativas de alterar a sinopse das novelas da Globo, obras de ficção. É perseguição ao Diogo. Há lugares do Brasil que eu não tenho vontade mesmo de conhecer. Para não me comprometer, digo que, no mundo, não tenho a menor vontade de conhecer Adis Abeba, a zona de atuação das Farc, e os trechos sem oásis e água do Saara.
Consta que Diogo tem sido alvejado por ações semelhantes vindas do Acre e de Cuiabá. Que falta de espírito esportivo do pessoal de lá. Acalmem-se, sergipanos, mato-grossenses e acreanos, vocês tem bastante poder político para se consolar, desproporcional ao tamanho de vosso eleitorado. Nós, súditos de São Paulo e do Rio (Diogo), só estamos exercendo nosso
animus jocandi. Seria demais me manifestar favorável à anexação do Sergipe pela Bahia? Ou pela unificação dos dois Matos Grossos (separados em 1977 no pacote de Abril, para sacanear o Sul-Sudeste progressista)? Vou ficar quieto, vai que me colocam no pólo passivo da ação...
Antes que eu me esqueça. Lúcio Flávio é o jornalista paraense, objeto de reportagem da Rolling Stone brasileira de fevereiro e alvo de dezenas de ações por calúnia, injuria e difamação, movidas pelos poderosos incomodados com suas reportagens. É tanta ação que ele não pode ficar mais de dois fias fora de Belém para não ser condenado à revelia (ele tem juízes inimigos também).