A polícia sabe. É duro pegar um mega-traficante ou chefe de uma trama delituosa, como o Sr. Ramirez Abadia, recentemente preso em São Paulo. Um esquema criminoso bem organizado se vale de uma numerosa rede de "fusíveis", uma hierarquia composta de diversos níveis, onde o chefão-mor organiza a trama de um alto escalão inatingível, passando suas ordens a poucos escolhidos, que repassam suas ordens a outro, e a outro... Caso algúem seja preso ou impedido de cumprir a ordem, o chefe estará resguardado, pois o fio da meada acaba num escalão intermediário, numa peça descartável (o que chamei de "fusível"), um boi de piranha ou bode expiatório.
Vejam a organização do PCC, em São Paulo, toda escalonada, sempre protegendo a cúpula. Leiam "O Poderoso Chefão", e percebam como Dom Corleone tem uma hierarquia que o protege. Assistam ao seríado "Os Sopranos" e vejam como Tony Soprano, o chefe mafioso, evita dar ordens diretamente e tratar de crimes no celular, sempre se resguardando atrás dos seus subordinados.
Agora, vou mudar completamente de assunto. Esqueçam o que escrevi acima. Há um país, vou chamá-lo pelo nome fictício de Papua Velha Guiné, em que o seu governante supremo, o rei Polvo II, insiste em falar que nada tem a ver com um esquema ficcional, chamado pela imprensa de Anualão. Ele não sabia de nada. Tudo era culpa de seu primeiro-ministro e mordomo, o Zé Viseu.
É ou não é uma tática de gangster, criada apenas para isentá-lo de culpa?
Irrita esse tratamento de idiotas que recebemos. Esse cordão sanitário em torno da figura do rei Polvo II. Um cordão para deixar os excrementos de fora, preservando a sua imagem. Revoltante!