Lei Seca

Um espaço para discutir as grandes questões. Editor-chefe: Luiz Augusto

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Advogado, vive em São Paulo

sábado, abril 19, 2008

Pequeno tratado misógino

Vou desenvolver uma idéia roubada da blogosfera. Eu até sei a fonte, mas vou preservá-la (sempre quis fazer isso, soa tão Todos os Homens do Presidente! Ademais, as coisas sempre são mais legais quando há rumores sobre a origem de algo, e o mistério envolve em brumas a fonte cristalina da verdade, yes, que bonito).
Dada a quantidade escassa de leite que pode ser tirada desta pedra, e à obviedade ululante das conclusões alcançadas, o espaço de uma crônica vai bastar.
Mulher detesta mulher. Ponto. Passo a expor meus argumentos, narrando caso pessoal recente.
Um amigo reencontrou após quase ano, num evento do escritório, uma colega bem querida. Bateram um papo, atualizaram as novidades. Ele achou bom revê-la. Já em casa, ao narrar seu dia, comentou casualmente à sua mulher:
- Ah, sabe quem estava lá hoje ? A Bianca (nome fictício, continuo preservando minhas fontes). Ela é muito gente boa.
- Hmmm, legal.
- Poxa, fazia tempo que não a via. Mesmo assim, retomamos a conversa do mesmo ponto...
- Você está querendo comer ela?
- O que é isso, bem? Ela é casada... Que ciúme.
Ele teve que sair da cozinha antes que o rolo de macarrão acertasse sua cabeça.
Não adianta, pode ser quem for. Elas não se bicam. Fale bem de uma mulher para a sua e seu fim está decretado. Você pode até parabenizar as habilidades gerenciais de uma ministra ou deputada, mas sua mulher vai achar que estás de olho nela.
Algumas obviedades. Os homens heterossexuais gostam de mulher. As mulheres heterossexuais quer que os homens gostem de mulher, afinal, sobraram tão poucos. Mas se um deles declarar aos brados que gostaria de ser um garanhão, um comedor, que seu sonho é dormir com duas (ou três) mulheres ao mesmo tempo, quiçá um time de futebol feminino antes de virar para o lado e dormir, ou que ele gostaria de virar mórmon ou sultão, para poder dividir seu espaço com três ou quatro fêmeas, ele está acabado para qualquer mulher que o ouça.
Nunca vi uma mulher elogiando outra mulher. Claro, já ouvi uma falando bem das unhas ou do cabelo de outra, esses detalhes, mas, para quem não sabe, é tudo fingimento, é tudo mentira. Se a outra ficou mais bonita, ela é um perigo, uma ameaça, vai roubar seu homem ou diminuir a oferta de solteiros na praça, sirigaita ordinária!
Do contrário, os homens conseguem se elogiar. O comedor é o macho alfa, o garanhão, todo mundo gosta dele. Não vai roubar o espaço de ninguém, tem para todos (exceto na China, onde mulheres são minoria).
Sobre os outros assuntos, um homem consegue admirar um outro homem com sinceridade. Quem nunca viu o Faustão dizer com veemência que algum artista é um monstro sagrado, muito talentoso? Na política temos os nossos ídolos, podemos elogiar um governador, um presidente.
Agora, prestem atenção no que direi. Podem procurar todo o arquivo do New York Times. Leiam todos os compêndios históricos. Folheiem os tomos empoeirados da Barsa e da Britânica. E constatem: jamais uma mulher falou que iria votar numa candidata por admirar suas idéias ou sua competência. Seria demais admitir que outra mulher é melhor.
E tenho dito. E se elas não gostarem, que se danem. Eu, Suzana Bandeira, assino embaixo e sustento o que digo. O que elas vão fazer? Acertar-me com unhadas ou puxar meu cabelo? Que venham, suas ordinárias, eu acabo com vocês...