Ah, ser um gordo
Se gordo eu fosse, que coisa boa. Seria chamado de gordinho simpático ou por algum apelido terminado em ão. Gutão. Luizão. Abusaria dos doces e tomaria broncas dos doutores pelo colesterol alto, triglicérides descontroladas, gorduras trans e tudo o mais.
Teria homéricos ataques de gota e reclamaria do ácido úrico. Mancaria até a geladeira, para me consolar. Tomaria pisões dos meus sobrinhos no pé doente, que cairiam na risada, fugindo do paquiderme. Perseguiria-os com a bengala em riste e bufando.
Fartaria-me de quitutes, acepipes, pastéis, bolos e suspiros. Comeria até sacudir as bochechas flácidas. Escutaria piadas que me fariam ter ataques apopléticos, ocasiões que riria até me fartar, cuspindo farelos e deixando a comida cair na roupa e no babador.
Ocuparia espaço, muito espaço. Quebraria cadeiras, levantando embaraçado e aflito, com o rosto ardendo em fogo. Derrubaria bandejas com os cotovelos e me viraria bruscamente, nocauteando os franzinos com minha constituição vigorosa, que as moças diriam ser a “de um boi”, e sacudiria a pança, batendo com as mãos em concha e dizendo ser a barriguinha da “prosperidade”.
Sentaria como o Buda e meditaria, planejando o que jantaria na hora do almoço e o que almoçaria no café da manhã, que seria o desjejum dos campeões, uma desforra. Faria pratos do tamanho do Pão de Açúcar. Os donos de quilos teriam minhas fotos, a fim de proibir minha entrada. Castigaria balanças, que trincariam, chiariam e resfolegariam a fim de me agüentar, suas engrenagens forçadas ao limite.
Faria marmitas, embrulharia restos e carregaria quentinhas a toda parte.
E comeria tortas, compotas, geléias, gelatinas, quebra-queixos, brigadeiros, pães e polentas, tomaria sorvetes que escorrem pelos braços e manjaria néctares que grudariam nas mãos. Arrancaria com os dedos as coxas de aves assadas e deixaria as digitais gordurosas como pistas de minha passagem.
Só teria amigos pesados. E um chamaria ao outro de gordo ou gooordo, como no interiooor. Lutaríamos sumô e daríamos cascudos nos magrelos.
Faria esteira de moletom, colocaria adoçante no café e tomaria Coca Diet, pois só gordo faz essas coisas ruins. Iria me internar num spa, mas contrabandeando uísque e bolachas para os outros detentos. Seria popular, o homem que arranja as coisas na prisão. Ouviria falar sobre dietas e sobre redução do estômago, e afastaria essas sugestões com deboche: estou apenas forte.
Discutiria com bilheteiros e aeromoças. Não vou pagar outra passagem. Se me fizessem pagar, ocuparia três lugares.
Faria pedidos milagrosos de lanches, sanduíches tão portentosos e recheados que as moças diriam benzadeus e cairiam de amores.
Dormiria muito, para engordar mais, até o colchão ter o meu formato. Pediria serviço de quarto e assistiria televisão até decorar a programação.
Deitaria na praia e deixaria as crianças fazerem castelos de areia em cima. Depois entraria no mar e boiaria. Ao me cansar, rolaria nas ondas e chafurdaria na lama, como um nativo das Ilhas Cook, divertindo a todos. Alguém me chamaria de baleia e eu fingiria estar bravo, só para não perder a moral. Arremessaria lama no cocuruto do folgado, que ficaria bem quieto, por ser um frango.
Se eu fosse à piscina anunciaria o show do leão-marinho e daria um mergulho de acabar com a água, molhando o jornal dos senhores e estragando o penteado das senhoras.
Mas isso não acontece, porque sou magro. Que pena...
Teria homéricos ataques de gota e reclamaria do ácido úrico. Mancaria até a geladeira, para me consolar. Tomaria pisões dos meus sobrinhos no pé doente, que cairiam na risada, fugindo do paquiderme. Perseguiria-os com a bengala em riste e bufando.
Fartaria-me de quitutes, acepipes, pastéis, bolos e suspiros. Comeria até sacudir as bochechas flácidas. Escutaria piadas que me fariam ter ataques apopléticos, ocasiões que riria até me fartar, cuspindo farelos e deixando a comida cair na roupa e no babador.
Ocuparia espaço, muito espaço. Quebraria cadeiras, levantando embaraçado e aflito, com o rosto ardendo em fogo. Derrubaria bandejas com os cotovelos e me viraria bruscamente, nocauteando os franzinos com minha constituição vigorosa, que as moças diriam ser a “de um boi”, e sacudiria a pança, batendo com as mãos em concha e dizendo ser a barriguinha da “prosperidade”.
Sentaria como o Buda e meditaria, planejando o que jantaria na hora do almoço e o que almoçaria no café da manhã, que seria o desjejum dos campeões, uma desforra. Faria pratos do tamanho do Pão de Açúcar. Os donos de quilos teriam minhas fotos, a fim de proibir minha entrada. Castigaria balanças, que trincariam, chiariam e resfolegariam a fim de me agüentar, suas engrenagens forçadas ao limite.
Faria marmitas, embrulharia restos e carregaria quentinhas a toda parte.
E comeria tortas, compotas, geléias, gelatinas, quebra-queixos, brigadeiros, pães e polentas, tomaria sorvetes que escorrem pelos braços e manjaria néctares que grudariam nas mãos. Arrancaria com os dedos as coxas de aves assadas e deixaria as digitais gordurosas como pistas de minha passagem.
Só teria amigos pesados. E um chamaria ao outro de gordo ou gooordo, como no interiooor. Lutaríamos sumô e daríamos cascudos nos magrelos.
Faria esteira de moletom, colocaria adoçante no café e tomaria Coca Diet, pois só gordo faz essas coisas ruins. Iria me internar num spa, mas contrabandeando uísque e bolachas para os outros detentos. Seria popular, o homem que arranja as coisas na prisão. Ouviria falar sobre dietas e sobre redução do estômago, e afastaria essas sugestões com deboche: estou apenas forte.
Discutiria com bilheteiros e aeromoças. Não vou pagar outra passagem. Se me fizessem pagar, ocuparia três lugares.
Faria pedidos milagrosos de lanches, sanduíches tão portentosos e recheados que as moças diriam benzadeus e cairiam de amores.
Dormiria muito, para engordar mais, até o colchão ter o meu formato. Pediria serviço de quarto e assistiria televisão até decorar a programação.
Deitaria na praia e deixaria as crianças fazerem castelos de areia em cima. Depois entraria no mar e boiaria. Ao me cansar, rolaria nas ondas e chafurdaria na lama, como um nativo das Ilhas Cook, divertindo a todos. Alguém me chamaria de baleia e eu fingiria estar bravo, só para não perder a moral. Arremessaria lama no cocuruto do folgado, que ficaria bem quieto, por ser um frango.
Se eu fosse à piscina anunciaria o show do leão-marinho e daria um mergulho de acabar com a água, molhando o jornal dos senhores e estragando o penteado das senhoras.
Mas isso não acontece, porque sou magro. Que pena...
2 Comments:
Guto
Apesar de ser`` fortinho´´
e não faço essas coisas da sua cronica , achei sensacional a verdade contada ai ! rs
Adalberto
Luiz,
Que sátira...rs!!!
Fui lendo e personificando o "GORDO".......vc foi fidedigno até demaisssssssss.
Abraço,
Rubia
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