Lei Seca

Um espaço para discutir as grandes questões. Editor-chefe: Luiz Augusto

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Advogado, vive em São Paulo

quarta-feira, janeiro 09, 2008

O que nós podemos ensinar ao Prison Break

Resgato post meu de abril de 2007:

"O que Prison Break pode nos ensinar
Aparte todo o suposto estudo e parca fama intelectualóide que tenho, adoro um bom enlatado americano. Eles fazem a melhor TV da atualidade. Os seriados que me caem na mão, assisto, desprezando até últimos lançamentos de cinema. Lost, Roma, Sopranos, 24 Horas, vejo tudo.Um desses programas é Prison Break, focado em Michael Scofield, um genial engenheiro que se faz prender na prisão de Fox River (*) , que ajudou a projetar, para tentar libertar seu irmão do corredor da morte.Terminei a primeira temporada e estou esperando lançarem a segunda em DVD.Com um pouco de olhar crítico, aparte me divertir à beça com o programa, e exageros narrativos à parte, aprendi algumas lições sobre o "sistema" americano, e que não custaria a nós copiar:- Uma fuga de cadeia, nos EUA, é um evento tão raro, que vira até show de televisão. Se fosse banal ninguém iria querer ver. Eles levam essa afronta ao Estado tão a sério que tentar fugir, com ou sem violência, é crime punido pesadamente (aqui só é crime se houver violência, os bandidos aqui tem um jus fugendi (é isso?). E como o slogan do show diz, a fuga é só o começo. (Spoiler a seguir) Michael Scofield e seus companheiros de fuga são alvo de verdadeira caçada humana pelos policiais de Illinois, carcereiros, FBI, guardas de fronteira, Chuck Norris e Jack Bauer.Como é em Pindorama? Temos fuga todo dia. Cada uma é apenas mais uma. Ouvimos relatos de fuga mastigando pão de manhã e de noite, sem perder o sono. Para quem foge, fugiu, tá livre.- Nos EUA, a morte de um carcereiro ou policial é um ataque ao Estado, investigada e punida com rigor. Aqui, já morreram neste ano no Rio mais de 40 policiais. Nem na Chicago de Al Capone (um dos cenários da série) se matava tanto.- Na Gringolândia ter ou usar celular na cadeia é crime. Aqui não é nem falta grave na Lei de Execuções Penais.Enfim, se houvesse uma versão brasileira de Prison Break, ela não duraria muitas temporadas, como a série americana pretende. Aqui duraria uns dois episódios. No primeiro o bandido iria se preparar, subornando os guardas e comprando um celular. No segundo, sairia pelo portão da frente do xadrez."

De lá para cá nós não aprendemos nada, vide que as nossas prisões continuam infernais e pululando de celulares.
Mas vi que nós ensinamos algo aos norte-americanos. Vejo no site da Fox sobre o seriado (http://www.fox.com/prisonbreak/showinfo/) que, na terceira temporada, o personagem principal, Michael Scofield, está detido numa prisão no Panamá, Sona, livremente inspirada no nosso antigo Carandiru (leiam o terceiro parágrafo do texto maior). Sona é um presídio abandonado pelos próprios carcereiros, e na qual os presos dominam a situação, repleto de violência e até mesmo de travestis.
É isso aí, Brasil, fazendo escola e mostrando o que tem de melhor para o mundo...