Lei Seca

Um espaço para discutir as grandes questões. Editor-chefe: Luiz Augusto

Nome:

Advogado, vive em São Paulo

quinta-feira, outubro 05, 2006

O Rapa

Só quem estuda ou trabalha no Centro Velho de São Paulo (e é obrigado a ir lá de segunda a sexta) conhece um fenômeno conhecido como "rapa". É quando a guarda municipal passa recolhendo os produtos vendidos pelos marreteiros, e às vezes até prendendo alguns.
Ela pode ser realizada por uma perua cheia de guardas, como eu vi hoje, ou por um único guarda caminhando sozinho pelas rua apinhadas de gente.
A notícia do "rapa", como um telefone sem fio do caos, se espalha pela Rádio Peão. Um camelô apanha o grito no ar, e o lança a outro, que o lança a mais um, quase como no poema dos galos do João Cabral de Melo Neto, "Tecendo a Manhã". É como se um leão estivesse solto nas ruas.
Um guarda caminha despretensioso na Praça da Sé e um minuto depois a notícia já está na Liberdade, se espalhando como a onda de um tsunami. A existência do "rapa" se prova pela agitação dos vendedores e pelo recolhimento súbito de suas ofertas.
Isso é coisa típica dos paulistanos.