Lei Seca

Um espaço para discutir as grandes questões. Editor-chefe: Luiz Augusto

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Advogado, vive em São Paulo

sexta-feira, setembro 22, 2006

Bento XVI e o Islã

Em outubro do ano passado tive a oportunidade de ver o papa Bento XVI de perto. Eu estava em Roma, passeando nas ruínas históricas, um domingo. Sabia que o papa estava na cidade, e que faria sua tradicional benção do meio-dia. Tinha dúvidas se iria ou não, pois a ida ao Vaticano implicava em pegar o metrô, caminhar, etc. Resolvi ir.
Chegando lá, atravessei o portão do Vaticano. A praça cheia de peregrinos. Lotada. Perguntei em que janela iria sair o papa e me apontaram a mais próxima dali. Nem acreditei na sorte. Pensei que não seria contemplado, após ter no dia anterior furado a fila para entrar no Museu do Vaticano (sei, é feio, mas não me arrependo do pecado).
Cinco minutos depois, Bento XVI apareceu na janela, e senhoras gritavam :Benedecto, Benedecto! Por quinze minutos ele falou e abençoou. Ele ergueu os braços. Apoteose. Multidão em êxtase. O papa é pop.
Ele tem carisma, sim.
Se eu fosse religioso, creio que a experiência teria sido ainda mais bonita.
Alguns meses depois, nesta semana, o papa Bento XVI teve a coragem de dizer o que pensava sobre o Islã. Os talebans enlouquecidos que se dizem religiosos logo se sentiram ofendidos. Juraram atacar o Vaticano.
Ora, quando eles vão entender que nós temos liberdade de expressão?
E por que toda declaração do Ocidente que eles consideram ofensiva tem que ser seguida de retratações, salamaleques, "não-é-bem-isso, como no caso dos cartuns dinamarqueses?
Creio que nós temos que ser mais enfáticos em defesa do nosso livre-pensar. Somos nós que exageramos nas críticas ou eles que exageram na reação?